Invasão de membros de organizadas ao CT do Corinthians |
No século passado, principalmente na segunda metade, torcer para o Corinthians era sinal de sofrimento. Nos anos 70, enquanto Palmeiras era o time do momento e o Santos possuía duas conquistas da Taça Libertadores e dois mundiais, além ter feito de Pelé o atleta do século, o torcedor do Timão se restringia a comemorar algumas vitórias com estádios lotados, cheias de raça, mas nunca com títulos no final. Um ano após a invasão corintiana - guarde este termo - ao Rio de Janeiro, finalmente torcer para o Timão deixou de ser sinônimo de sofrimento. Com o gol de Basílio, o Corinthians saiu do jejum de 23 anos sem um título expressivo e conquistou o Campeonato Paulista de 1977. Com o passar dos anos, a situação mudou drasticamente, e para melhor. Sócrates e Marcelinho Carioca deram muitas alegrias à Fiel, em suas respectivas gerações, conquistando quase todos os títulos possíveis. Em 2012 o mundo já era corintiano. Na primeira transição de décadas do século XXI, sua administração virou exemplo para todo o Brasil. Não era difícil ver o nome do clube estampando revistas mundialmente famosas como uma das marcas esportivas mais valiosas do globo terrestre.
Invasão corintiana ao Maracanã na semifinal do Brasileiro de 1976 |
Então chegamos em 2014, três derrotas seguidas no estadual, incluindo uma goleada para o rival, e... Invasão corintiana. Dessa vez não foi ao estádio rival fazendo a torcida adversária ser obrigada a dividir as arquibancadas com uma proporção 50/50, como em 1976 contra o Fluminense. Protestar é um direito de todos os torcedores que se sentem lesados. Mas não foi um simples protesto. Eram indivíduos uniformizados com cores iguais às do clube invadindo o CT onde os os jogadores se preparavam para o próximo jogo. Queriam apenas as pernas de pelo menos dois atletas. Isso sem contar os funcionários que ali estavam e foram roubados.
Vamos com calma! Jogador mercenário, ou que faz corpo mole, existe no futebol desde os primórdios. Sabemos. Mas as famílias que os esperam em casa não tem nada a ver com isso. Certamente, mães esposas e filhos dos ameaçados não ficaram tranquilos ao notarem a situação que todo o Brasil viu em rede nacional no último sábado, dia 1. Não é esse tipo de fidelidade que precisamos no futebol e não é esse tipo de invasão que gostamos de ler nos jornais do mundo inteiro. Lá fora, a notícia é dada simplesmente como brasileiros são vândalos e invadem os CTs de seus clubes de coração ameaçando empregados. Isso não é o país do futebol.
Doval fez 95 gols pelo Fla |
Por Marcos Coelho (@MarcosCoelhoHD)
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