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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Uma fidelidade que nenhum time precisa

Invasão de membros de organizadas ao CT do Corinthians
Cada torcida possui uma particularidade cultural, esta podendo mudar com o passar dos anos. Se você entrar numa discussão e ouvir os termos mulambo, playboy, português, velho que nunca viu título, porco, bambi e até ladrão, certamente vai saber quais são os times associados aos respectivos apelidos. Também temos adjetivos bonitos para simbolizar o torcedor brasileiro, e confesso que fiel é um dos mais belos. É bonito ver que um cidadão tem orgulho de sua fidelidade ao clube de coração. Mas nos últimos dias esse sentimento tomou o rumo mais errado possível. Entre os males, o pior.


No século passado, principalmente na segunda metade, torcer para o Corinthians era sinal de sofrimento. Nos anos 70, enquanto Palmeiras era o time do momento e o Santos possuía duas conquistas da Taça Libertadores e dois mundiais, além ter feito de Pelé o atleta do século, o torcedor do Timão se restringia a comemorar algumas vitórias com estádios lotados, cheias de raça, mas nunca com títulos no final. Um ano após a invasão corintiana - guarde este termo - ao Rio de Janeiro, finalmente torcer para o Timão deixou de ser sinônimo de sofrimento. Com o gol de Basílio, o Corinthians saiu do jejum de 23 anos sem um título expressivo e conquistou o Campeonato Paulista de 1977. Com o passar dos anos, a situação mudou drasticamente, e para melhor. Sócrates e Marcelinho Carioca deram muitas alegrias à Fiel, em suas respectivas gerações, conquistando quase todos os títulos possíveis. Em 2012 o mundo já era corintiano. Na primeira transição de décadas do século XXI, sua administração virou exemplo para todo o Brasil. Não era difícil ver o nome do clube estampando revistas mundialmente famosas como uma das marcas esportivas mais valiosas do globo terrestre.

Invasão corintiana ao Maracanã na semifinal do Brasileiro de 1976

Então chegamos em 2014, três derrotas seguidas no estadual, incluindo uma goleada para o rival, e... Invasão corintiana. Dessa vez não foi ao estádio rival fazendo a torcida adversária ser obrigada a dividir as arquibancadas com uma proporção 50/50, como em 1976 contra o Fluminense. Protestar é um direito de todos os torcedores que se sentem lesados. Mas não foi um simples protesto. Eram indivíduos uniformizados com cores iguais às do clube invadindo o CT onde os os jogadores se preparavam para o próximo jogo. Queriam apenas as pernas de pelo menos dois atletas. Isso sem contar os funcionários que ali estavam e foram roubados.

Vamos com calma! Jogador mercenário, ou que faz corpo mole, existe no futebol desde os primórdios. Sabemos. Mas as famílias que os esperam em casa não tem nada a ver com isso. Certamente, mães esposas e filhos dos ameaçados não ficaram tranquilos ao notarem a situação que todo o Brasil viu em rede nacional no último sábado, dia 1. Não é esse tipo de fidelidade que precisamos no futebol e não é esse tipo de invasão que gostamos de ler nos jornais do mundo inteiro. Lá fora, a notícia é dada simplesmente como brasileiros são vândalos e invadem os CTs de seus clubes de coração ameaçando empregados. Isso não é o país do futebol.



Doval fez 95 gols pelo Fla
NOTA: Na última publicação, sobre os argentinos que defenderam o Flamengo, não citei Narciso Doval, maior artilheiro estrangeiro da história do clube. Deixei claro no início da publicação que se tratavam de cinco argentinos aleatórios, e não uma listagem com melhores (citei o Colace). Mas de qualquer forma, peço desculpas pela ausência do artilheiro, pois algumas pessoas reclamaram. Não dá pra agradar todo mundo!


Por Marcos Coelho (@MarcosCoelhoHD)

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